quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fossas sépticas femininas.

E fiz o que qualquer mulher faria. Combinação perfeita de feriado, pijama, "Sex and the City", sorvete e angústias. A partir disso, tudo ficou bem menos inebriante.

Os casais andando de mãos dadas pareciam namorar unicamente para me provocar. As músicas melosas nas rádios eram prenúncios da solidão. E no trabalho, pela primeira vez odiei olhar para os enfeites decorativos da minha mesa.

Joplin nos fones de ouvido parece cantar minha dor “Didn’t I give you nearly everything that a woman possibily can?”.

Caso alguém ainda não tenha compreendido lá muito bem, estou descrevendo a típica “fossa” feminina.



Você deve saber do que se trata por que já deve ter passado por isso. Se não passou, você deve ser uma pessoa muito sortuda e feliz de uma maneira que eu jamais poderia conviver, por isso, não poderemos ser amigos.

É meio relativo dizer com o que e quando o período da fossa passa, mas a causa é sempre a mesma: “Você foi largada, amiga... Acorda pra vida!”. Não se torture muito tempo com isso não, pois a maioria dos caras não merece.

Eu não choro mais por homens. Tive uma única e verdadeira fossa na minha vida que me proporcionou olhos inchados por 16 dias, 8 noites mal dormidas, 1 semana me perguntando “por quê, por quê e por quê?”, 21 faltas em disciplinas da faculdade e uma conta enorme de telefone já que liguei para todos os amigos próximos narrando a minha desgraça. Aí eu te pergunto: valeu a pena? Cara nenhum vale isso, nem mesmo o melhor de todos, nem mesmo o príncipe encantado da Bela Adormecida, nem mesmo o Ashton Kutcher vale isso, baby.

O período fossolístico existe unicamente para que você lembre por tudo o que ele te fez passar e tenha um forte argumento para não voltar quando ele pedir.

Existe uma tática muito boa adotada por mulheres inteligentes, bonitas e bem-sucedidas que decidiram muito bem decidido não mais sofrer por amor. É sofrer homeopaticamente por amor.

Pelo menos uma vez por semana vista seu pior pijama, acompanhado de sua pior roupa íntima, devore uma barra de chocolate acompanhada de um pote de sorvete de creme assistindo a um filme romântico daqueles bem melosos. Faça isso sozinha e chore tudo o que fôr capaz de chorar.

Ao menos uma vez no mês, recorde de todos os pilantras que passaram pela sua vida e chore ouvindo Janis Joplin. Todo domingo a tarde – horário em que ninguém está fazendo algo que não possa ser interrompido – ligue para um amigo e conte a ele todas as suas aventuras e desventuras amorosas. Fale mal do seu ex e depois lave o cabelo, coloque sua melhor roupa e saía com as amigas.

Fazendo isso com essa frequência e/ou tendo um emprego legal e/ou tendo um plano de vida que não seja baseado no sexto sacramento da Igreja Católica, dificilmente você vai ficar na fossa se alguém te largar. E se chorar, chore de raiva. Raiva por ter sido capaz de gostar de alguém tão pior do que você. Afinal, depois de tudo só te restará uma grande certeza: ele nem era tudo aquilo... Era?

Um comentário:

  1. Oi H, senti falta de seus posts. rsrs

    Eu não tenho essa fossa feminina, óbvio, mas devo praticar a modalidade masculina disso. Que no meu caso, é a mesma coisa, só que no lugar de filmes romantiquinhos, assisto a filmes que tenham aqueles dramas tão profundos que me fazem sair dizendo "Égua, que droga de vida é essa?!". Exemplo, Crash - No limite, Onde vivem os monstros, Click... até UP - Altas aventuras, por aí.
    E no lugar da Joplin, eu grito junto com o Bono Vox "But I stiiiiiiiiiill, haven't found, what i'm loocking for" (Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando).

    Mas o bacana é que a gente acaba se adaptando à realidade. Não é se conformar, mas encarar como um novo momento e aproveitar isso da melhor maneira. Como uma oportunidade de conhecer coisas novas, pessoas diferentes e enfim renovando a própria vida, como um ciclo que nunca deveria se fechar. Fora que é divertido rir de si mesmo. Acho que você já até falou disso em algum post.

    ps: acho legal essa troca de experiências fossolísticas no ciberespaço. rsrs (confidências)

    Bjs do Zek!

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