quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Um conto de quase amor. Daqueles que se dá meia volta.

* Só postei porque essa história é bonita demais para ficar escondida em um HD.

Me procurou quando chegou. Mandou mensagem, ligou. “Quero te ver”. Coração acelera. Fico fria. Me calo. Penso que não posso sair correndo atrás dele toda vez que ele posar em Belém. Não é assim que funciona. Não existe um botão de “ativar sentimento porque ele não está mais longe de mim”. É isso, não existe um botão. Podia existir, mas não existe. Seria perfeito, mas não existe. Permaneço calada e ele diz: “A gente precisa conversar. Eu tenho muita coisa pra te dizer que nunca disse”. Coração acelera mais. Pergunto para onde iríamos. Ele responde: “Eu só quero te ver. Me deixa te ver. Não faz sentido voltar pra cidade e não te ver”. E eu me desarmo.

Marcamos umas 2 vezes e ele mesmo desmarcou. Pedia desculpas, estava enrolado - como sempre - salvando vidas, arrecadando brinquedos e agendando eventos beneficientes. Nunca fiz isso, nunca faria isso se fosse outro cara. Mas é ele. Então peguei meu carro e estacionei na frente da casa dele ontem a noite e liguei: “Tô aqui na frente, sái um minuto, me dá um abraço e eu juro que vou embora e te deixo trabalhar… Eu só não quero ir dormir hoje sem te dar um abraço”. Ele saiu de casa. Abraço apertado, beijo no canto da boca e eu pude sentir o melhor cheiro do mundo. O cheiro dele. E eu só pensava: “Deus, como consegui ficar dois meses longe desse cheiro?”. Mas não podia falar isso, eu já estava fazendo muito. Ele marcou comigo, cancelou e eu fui lá mesmo assim!! Nunca faria isso por cara nenhum. Geralmente, quando o cara desmarca comigo, eu fico puta ou deixo de falar. Mas ele era diferente, não desmarcou porque não pôde… mas porque quer salvar o mundo. E também, tinha aquele cheiro. Que de tão bom eu não queria largar dele e parar o abraço.

E quando estávamos ali, no meio da rua, no abraço demorado após o beijo de canto da boca, com um céu lindo… Eu de vestido meio rodado - Tipo um filme dos anos 60 de casais que se encontram escondido -, sentindo ele depois de tanto tempo, ele diz: “Teu cheiro… Senti falta do teu cheiro.”

Me desarma.

“Você tá linda”. Permaneço calada, sorrindo e olhando pra ele. Cabelo mais curto, é verdade, mas ele era o mesmo cara… Aquele por quem me apaixonei numa semana no mês de outubro. Era o mesmo, doce, engraçado, espontâneo. E eu vi tudo isso só de olhar. “Entra um pouco, por favor”. Eu digo que só fui dar um abraço, que ele estava ocupado e que eu iria embora. “Não, eu não quero que você vá embora… Fica. Vou fazer duas ligações para agendar as coisas pra amanhã e depois saímos”. Fiz a cara de quem não estava entendendo a mudança de planos. A gente não iria mais sair, certo? Falei isso só com o olhar e ele entendeu. “Mudei de ideia porque senti teu cheiro”.

Ele fez as ligações e nós saímos. Pra onde? Lugar nenhum. Rodamos dois quarteirões. Estacionei e ficamos conversando dentro do carro. Quase 2 horas. Ele falou mais do que eu. Falou que eu mexi com ele de uma forma estranha, que nem ele sabia explicar, que ele estava ficando com alguém quando me conheceu, mas que terminou porque eu o deixava confuso. “Você bagunçou minha vida”. Eu ouvia tudo o que ele falava calada. Só falava quando ele me perguntava. Se eu tava solteira, se tava sozinha, se tinha pretendentes, se gostava de alguém…

Eu gosto de você, seu idiota. Pensei.

E ficamos ali conversando segurando um na mão do outro, nem um beijo sequer trocado. Até que ele deitou no meu colo. Me olhava fixamente por um tempo que nem sei dizer quanto. Só olhava. E eu o olhava. Sorrimos. Fiz carinho. Cafuné até ele fechar os olhos e sorrir inebriado. Estávamos anestesiados. Ele abriu os olhos e me pegou sorrindo também. “Por que tá sorrindo, minha linda?”. Porque você está sorrindo. Nos beijamos.



E ficamos ali, com carinho, com afeto. Sentindo o gosto um do outro até 1h da manhã. Até que veio a pergunta inevitável que todo homem faz nessa situação: “Vem comigo pra casa?”. Não posso, tem sua família. “Eles estão dormindo numa hora dessas…”. Não posso, desculpa.

Fui deixar ele em casa. Estacionei. Ele me beijou dentro do carro e disse “Te ligo pra gente se ver durante a semana de novo”. Foi quando eu senti que era a hora de falar. “Ei, nós só nos vimos hoje porque eu dei uma de louca e vim. A gente não ia se ver, você é super enrolado. Você liga, manda sms, eu sei. Sei que é de verdade, sei que queres me ver, mas não pode. Nunca pode. E eu não vou me prender nisso. Eu não sou assim. O que eu fiz hoje eu não vou fazer de novo. Então, eu prefiro admitir que talvez a gente não se veja mais”. Ele se calou por alguns instantes, abaixou a cabeça olhando pro painel do carro. “Pára com isso, não vai ser assim… Te ligo amanhã”. Me beijou segurando meu rosto com as duas mãos. Abriu a porta do carro, saiu. Ficou com a porta aberta olhando pra mim. Eu disse: “Só quero que você me entenda”. Ele: “Eu entendo, mas é difícil pra mim aceitar a ideia de que eu não vou mais te ver”. Se despediu, eu me calei, ele fechou a porta.

Segui no rumo de casa. Na cabeça: Clarice.

“Quando eu te vi fechar a porta eu pensei em me atirar pela janela do oitavo andar…”.

http://www.youtube.com/watch?v=DCquF-2elo8

Fui cantarolando. Um aperto no peito. Uma vontade de chorar, mas não tinha lágrima. Eu sabia que estava fazendo a coisa certa, mas me sentia burra em fazer. Sentimento estranho.

Até que eu lembrei que não tinha torta de amora em casa. Parei o carro um quarteirão depois da casa dele e liguei: “Eu tô voltando. Preciso te dizer uma coisa”. Ele não entendeu nada. Eu desliguei logo.

Cheguei e ele estava no meio da rua me esperando. Parei o carro, ele entrou. Eu o beijei. Beijei. Beijei. Beijei. Do jeito que deveria ter beijado desde o início. “Eu fui embora, mas fiquei pensando que se a gente não vai mais se ver, se eu realmente acho isso, não tenho porque ter medo da sua família”. Rimos juntos enquanto nos beijávamos. Eu completei: “Vou ter mais uma boa lembrança de você”. Entramos e nós ficamos juntos até as 3h30 da manhã.

Foi tudo lindo.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

The Walking Dead.

Acabei de assistir o último episódio da primeira temporada de "The Walking Dead". Achei incrível quando o cientista explica como funciona o cérebro de um zumbi. Não tem mais a sinergia, lembranças, raciocínio e demais fatores humanos. Apenas o necessário para se mexer e sentir a fome dilaceradora por carne humana.

"Doutor, conheço gente assim na vida real. Elas foram infectadas?". Penso. Ele continua explicando que nunca foi descoberto se a infecção era causada por vírus, bactéria ou o que quer que fosse. "A ausência de fatores humanos também considera a ausência de escrúpulos a ponto de dizer pra alguém que você magoou que ela vai ficar só pra sempre? Quer dizer, ausência de compaixão é considerada um sintoma?". Ele não pode responder não só porque não pode me ouvir, mas também porque a energia do laboratório está acabando e tudo irá explodir em 30 minutos. Todos querem fugir e enfrentar os zumbis no mundo externo mesmo sabendo que há poucas chances. Todos, menos o cientista responsável pelo laboratório, uma mulher negra cujo nome não me recordo agora e Andrea, que havia perdido a irmã há 2 dias. Eles três preferem ficar e morrer na explosão ao enfrentar os zumbis em uma luta - aparentemente - em vão. Dale tenta convencer Andrea a ir embora com ele. Ela recusa. Ele então senta ao seu lado e diz que vai ficar também. Ela reage. Ele então fala uma das coisas mais lindas que já ouvi: "Eu não quero enfrentar aquilo sozinho. Você não pode entrar na vida das pessoas, fazer com que se importem e depois sair". Andrea saiu do laboratório por amor ao amigo Dale, aparentemente uns 40 anos mais velho do que ela.

Eu conheço alguns zumbis. Não andam com aquela maquiagem toda, é verdade, mas são cruéis também. Se movem, fazem ruídos, se alimentam da carne humana, mas, no fundo, não têm lembranças e nem raciocínio logico algum.

Não importa, tenho amigos como o Dale. Deixa eu baixar a segunda temporada logo.