domingo, 14 de fevereiro de 2010

O início de tudo só começa agora.



Me formei. Usei aquela beca ridícula, ganhei um canudo vazio, fiz escova, usei salto alto, enchi o cabelo de gel e dancei valsa no meio de um salão enorme, cercada de fotógrafos. Tirando toda essa parte careta – que eu continuo odiando e acreditando serem males necessários por fazerem parte de uma tradição comemorativa importante – confesso que não curti muito a festa. “Curtir” no sentido de “aproveitar” mesmo.

Sim, estava tudo bem bonito. Perfeito. Todos os meus amigos lá, sorridentes. Meus pais orgulhosos. Meu padrinho? Bicho, ele mal conseguia parar de chorar. Me recebeu na porta da festa. Ali, de pé, com um lindo terno alugado segurando um exuberante buquê de rosas vermelhas que ainda estão vivas perfumando meu quarto, mesmo 48 horas depois de entregues.

E a minha turma então... Durante esses quatro longos anos que enfrentamos juntos, não seria exagero algum de minha parte garantir que 90 por cento desse tempo foi composto de sorrisos verdadeiros, pulos e um imensurável sentimento de alegria diário. Talvez por isso, durante todo o baile, eu não conseguia acreditar como todos estavam tão felizes de um jeito que jamais havia visto antes, mesmo durante esses quatro anos.

Assisti o Thiago dançando “marchinhas de carnaval” no meio do salão. Esfreguei os olhos duas vezes.

Em meio a todas as lágrimas e todos os sorrisos, me indagava quando os veria de novo e imaginava o quão seria difícil, daqui pra frente, acordar de manhã e não ter mais a certeza de encontrá-los novamente. Questionei a mim mesma como seria a vida a partir daquela noite.

A sensação de concluir a faculdade é com toda certeza muito melhor do que aquela que se sente ao ser aprovada num vestibular tão concorrido como o que fiz. Há no entanto uma discreta linha que diferencia muito sutilmente as duas sensações obtidas em momentos tão diferentes: a incerteza. Quando se comemora uma aprovação no vestibular, se tem a certeza de que nos próximos anos, seu futuro será a universidade. Mesmo que por algum motivo não venha a ser. Quando se conclui a universidade, não se tem a certeza de quase nada. Ficamos desempregados e com sorte ou Q.I. conseguiremos um emprego que pague mal, mas que “é melhor do que nada”. O salário inicial (sim, é melhor crer que seja só no começo) que vão nos oferecer não vai realizar todos os nossos sonhos materiais. Especificamente no meu caso, a realidade do mercado de trabalho contemporâneo da cidade em que vivo não vai me fazer feliz do jeito que eu planejo e muito menos do jeito que todos que me abraçaram e comemoraram comigo a conquista do diploma me desejaram.

A luta continua. Na realidade, acredito que ela só começa agora.

Obrigada turma de 2006 por me deixarem fazer parte da vida de vocês durante esses quatro anos. Ser amiga e colega de classe de cada um de vocês foi uma honra. Sentirei saudades, meus amores.

Um comentário:

  1. Acredito muito em uma articulação das energias do universo, como a Rosaly sempre nos falava! Por isso, se fomos parar na mesma turma, certamente algo teríamos que aprender juntos. Da minha parte, pode crê que aprendi muito com todos os meus colegas de sala, mais ou menos próximos...com você aprendi bastante sobre a generosidade, e nesse assunto te tornaste uma das minhas referências! Foi um grande prazer estudar ctg, com todos! Acredito muito que cada um faz das oportunidades que teve (ou não) o que quer...independentemente de qualquer problema do curso, da universidade ou da profissão, eu aposto em nosso sucesso daqui pra frente...só vai depender do que fozermos com o que temos em mãos agora...otimista? entusiasta? talvez...mas prefiro ser assim!! I'll miss you!!!!!!!!!!!

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