domingo, 30 de outubro de 2011

A pior dor do mundo

Cientistas ainda discutem qual seria a pior dor do mundo. A única evidência é que deve ser algo perto da dor do parto ou da dor de pedras nos rins. Para a grande maioria dos estudiosos, a dor é um fenômeno subjetivo e alheio a fatores psicológicos.

Eu concordo.

Eu não tenho PHd em biologia genética, física quântica ou essas outras coisas com nomes bonitos que a gente não sabe direito o que estuda. Na verdade, eu só sou graduada e meu diploma não vale de nada pro Supremo Tribunal Federal do meu país. Mas, eu tenho uma teoria sobre qual seria a pior dor do mundo.

Não lembro se foi durante uma aula de botânica, cinemática, trigonometria ou citologia... Mas foi numa revisão qualquer dessas de cursinho ainda no 2ª ano do ensino médio que eu conheci o meu melhor amigo. Foi amor à primeira vista. Ainda guardo os bilhetes que a gente trocava no intervalo das aulas com piadas internas como “viva la Somália”, essas coisas que só a gente vê graça. Assim como eu tenho back up dos nossos prints de conversas no msn, tão bem guardados como eu guardo na memória cada boa lembrança desses 7 anos de amizade. Quase oito.

A maior parte do tempo, eu sinto como se não fôssemos apenas amigos. Amigos geralmente brigam, deixam de se falar, se distanciam, se magoam, se ignoram. Pelo menos às vezes. Eu sinto mesmo como se nada que ele pudesse fazer fosse me magoar. Sinto como se ele fosse uma parte muito importante do meu interior que foi separada fisicamente de mim. Mas só fisicamente.

Esse sentimento doido e singular que um tem pelo outro, além de ser bem difícil de explicar, é bem mais difícil pras pessoas entenderem. Eu, por exemplo, nunca consegui encontrar um daqueles travesseiros bonitos de quase 200 reais na Imaginaruim escritos “Amigo, eu te amo!”.

É a relação perfeita e é uma utopia minha acreditar que outras pessoas terão por mim a mesma consideração, amor e respeito que ele tem. Não se cobra amor de ninguém. Já aprendi. Mas, eu nunca vou achar normal a displicência que algumas pessoas têm com o sentimentos das outras. Nunca.

So...



A pior dor do mundo é a dor de acreditar que és importante para alguém como esse alguém é para você e descobrir, da pior maneira possível, que você não significa absolutamente nada para esse alguém. Que todas as lembranças bonitas e sentimentos bons não importam para quem você gosta. A pior dor do mundo é gostar tanto de alguém que não se importa nem um pouco com você. (by @speciallgirll)

Porque o ruim não é descobrir que seu amigo era um filho da puta. O ruim mesmo é descobrir que aquele filho da puta nunca foi seu amigo.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Entrevista exclusiva com o Amor.

Ele falou com exclusividade sobre seu trabalho e suas dificuldades de atuação.


1.O que te fez me procurar pra dar essa entrevista?
Eu preciso que alguém entenda o meu lado. São muitas cobranças, tento fazer meu trabalho, mas fico cada vez mais sobrecarregado. A minha psicóloga me disse que eu preciso parar com esse preconceito bobo com as redes sociais, a internet e toda essa coisa nova de webespaço. Ela me disse que só por aqui eu poderia me fazer ser ouvido.

2.Como assim ser ouvido? Qual o seu problema com a internet?
Pra muitos, a internet me popularizou. Mas pra mim, foi prejudicial, sabe? É gente dizendo que se ama em cada upload de foto, são scraps musicais com declarações cafonas, palavras de amor sendo utilizadas como cantadas para o Sexo... Não me entenda mal, ele é meu amigo, nos entendemos bem quando trabalhamos juntos. Só que o Sexo tem uma visão diferente da minha dos relacionamentos. E as pessoas confundem isso e me utilizam para chegar nele, sabe? Antes da internet, os poetas, escritores e artistas de um modo geral me ajudaram a conseguir chegar até onde eu cheguei. Só que hoje em dia eu tô ferrado. O fluxo das informações aumentou com o advento da internet e eu tô na merda! É todo mundo dizendo que está apaixonado ou querendo estar! Não sei se fico mais puto com quem usa o meu nome de maneira equivocada ou com quem me xinga por eu não aparecer. As pessoas são muito exigentes com o serviços hoje em dia. Não atendo delivery e minha firma é pequena, tenham paciência!

3.Para muitas pessoas, você não existe mais. O que você acha disso?
Esse papo de que o amor chega pra todos era antigamente. Hoje, eu só quero que elas entendam que eu não consigo atender todo mundo. Você me entende? O cupido não me ajuda mais e fica bem difícil resolver as coisas sem ele. Por isso, ninguém mais se apaixona à primeira vista.

4.O que aconteceu com o Cupido?
Ele cansou de tudo isso. Não é fácil também, sabe? Fazer bilhões de pessoas felizes e continuar sozinho. Ele bem que tentou namorar, mas se zangou comigo porque não era correspondido pelas garotas. Existe uma regra que diz que ele não pode usar uma flecha em benefício próprio. Aí depois de tantas tentativas, ele se rebelou... Da última vez que tive notícias dele, me disseram que ele tinha virado escritor e vivia bêbado em algum bar na Califórnia. Dizem – entenda bem, eu não tenho certeza... – que ele que inspirou um personagem de uma série americana dessas... Um tal de Hank Moody.

5.Você diz que continua trabalhando, mesmo sem a ajuda do cupido. Como funciona isso?
É meio que aleatório. Nós nunca tivemos muitos critérios. A missão era fazer cada alma encontrar a sua outra metade. Trabalhávamos muito, mas erámos felizes porque fazíamos as outras pessoas felizes. Agora, eu preciso procurar muito bem e demoro o dobro do tempo que demorava antes para fazer um casal se apaixonar e mais muito tempo para fazer eles ficarem juntos. As pessoas desistem muito cedo de mim hoje em dia. Se o cara ronca, tem mulher pedindo o divórcio. Tudo culpa da globalização que faz todo mundo acreditar que é possível encontrar coisa melhor. Tudo isso dificulta meu trabalho. É frustrante.

6.Você fala de exigências e falsos sentimentos. Como alguém pode ter certeza que é você?
Não podem. E é aí é que está o grande problema. Quem nunca me sentiu não vai saber nunca se sou eu mesmo.

7.E então?
É preciso arriscar. Mergulhar nas relações sem medo, sabe? E parar de se frustrar comigo quando não dá certo. O que eu queria mesmo era que as pessoas me olhassem por outros ângulos. Quer dizer, eu estou sempre por aí. Quando você vir um pai dando um beijo na testa do seu filho na porta do colégio ou um grupo de amigos na praia se divertindo... Eu estou ali, nos olhos de todos e no barulho de cada sorriso. Parem de me procurar no status de relacionamento do facebook. Eu sou mais do que isso.



Post inspirado no blog de Duda Rangel.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A solteirisse está na moda.



Chanel, Dior, Gucci e Prada não estão com nada. A moda agora é ser solteiro.

E não digo solteiro de estar só, curtindo uma fossa infinita e desejando logo encontrar alguém disposto a espremer os cravos do seu rosto em público e ainda achar isso romântico. Eu me refiro ao solteiro que curte a solteirisse ao extremo e que sabe que estar solteiro não é sinônimo de se estar sozinho.

As pessoas mais felizes que eu conheço são solteiras. E não é aquela felicidade que só serve pra estampar fotos em redes sociais. É felicidade de verdade. Gente que está sempre rindo, fazendo piada na pior das circunstâncias e que é sempre uma boa companhia.

Há quem repudie o solteiro que beija vários numa mesma noite e mantém vários relacionamentos não-formais com outros tantos. A verdade é que nós – solteiros de plantão – somos corrompidos por um misto de egoísmo e solidariedade. Nos amamos tanto que não queremos nos dividir por inteiro com ninguém, mas, por sermos ‘demais’, damos um pouco para o entorno, não muito... Apenas o suficiente para mostrar o quanto somos bons.

Somos exibidos, nos achamos bonitos, gostamos de dizer que não acreditamos no amor. Falamos mal de nossos ex-namorados, sentimos uma pressa enorme por viver. Sorrimos por tudo, tudo mesmo, e até nas circunstâncias que não deveríamos rir. Encontramos uma paz interior tão grande que é bem difícil começarmos a amar alguém de novo, por acreditar que o convívio com o outro pode nos afastar de nós mesmos.

Não é bom cem por cento do tempo. Se vive num jogo de cintura 24h. Marca de sair com um aqui, remarca com o outro pra amanhã porque sábado é o dia de folga daquele. (Para os retrógrados que acreditam se tratar de ‘putaria’ e não de solteirisse, a marcha das vadias veio para provar o contrário.) Sente-se monitorado e até corre-se o risco de magoar os outros porque muitos estragam todo o lance legal da química se apaixonando platonicamente.

O bom de ser solteiro, solteiro de verdade, é a sensação de liberdade. A situação acondicional de que não precisa-se de nenhum outro para se viver bem e ser feliz.

Quem tem a sua costela, não se consegue imaginar sem ela. Eu acredito que é mesmo impossível ser feliz sozinho. Mas é bem provável ser feliz com você mesmo.

domingo, 24 de abril de 2011

Nenhuma foda é em vão.

Eu odeio muito julgar o que as pessoas fazem, principalmente se elas são maiores de idade e vacinadas. Ou talvez, eu nem odeie tanto assim, mas é uma coisa bonita de se dizer que se odeia fazer.

O caso todo é que de uns tempos pra cá eu tenho me aborrecido muito com a maneira pejorativa com que muitos falam de “sexo”. Tem uma cambada de gente mal amada espalhada pelo mundo que gosta de dizer frases como “Aí o cara só me comeu e foi embora!”, “Tracei essa menina ontem...” ou até mesmo “Dá logo pro cara e pronto”. Eu acho o sexo uma coisa muito boa e demais gostosa para ser tratada como algo vulgar e/ou ofensivo.

Também não acho muito lógico usar termos eufemísticos como “dormiram juntos” ou “fizeram amor”. Até porque qualquer ser humano com mais de dois neurônios lúcidos sabe que sexo – em boa parte das vezes – em nada tem a ver com amor ou muito menos com dormir.

Eu acredito que é preciso se tratar as coisas como elas merecem ser tratadas. As coisas boas devem ser tratadas como coisas boas que são e lembradas mesmo quando não são.

Exemplificando, pense na pior foda da sua vida. Pensou? Ela foi boa para que você soubesse que aquela posição não é bacana ou que aquela pessoa não tinha a manha. Querendo ou não, tem uma coisa a qual você deve lembrar sempre para que não cometa os mesmos erros. Ou os cometa de uma maneira diferente o suficiente para que este deixe de ser um erro. Preguiça de explicar essa última parte, lê de novo.

Nenhuma foda é em vão. E eu acredito mesmo nisso.




No mais, deixe de ser idiota e páre de ficar falando por aí que comeu ciclana ou que vai dar pra fulano. Coisa feia, rapaz.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sobre presunções, equações e novelas.

Ninguém nunca vai enfiar na minha cabeça a idéia de que as mulheres são mais presunçosas do que os homens. A capacidade que um homem tem de acreditar que uma mulher é terrivelmente apaixonada por ele é infinitamente superior a nossa capacidade de imaginar o que não existe.

Se duas pessoas se separam já é natural do homem acreditar que ela ainda sente algo por ele. Em parte isso é culpa da própria mulher, já que a grande maioria demora um certo tempo até se envolver de novo com outra pessoa. Sabe aquele botão de reset que os homens têm e que eles acionam quando terminam um namoro – mesmo que tenha durado 10 anos – e se envolvem com outra guria menos de uma semana depois do fim? Pois é, a gente nasceu sem esse botão... Droga.

Em contrapartida, a própria sociedade implicitamente sempre acredita que a mulher ainda gosta do cara. Quer ver uma coisa?

Ela devolveu os presentes que ele havia dado, rasgou a carta, deletou o número dele do celular – e não salvou num papel e deixou na gaveta como fez com os outros - , apagou todas as fotos do computador e depois até esvaziou a lixeira, excluiu do Orkut e deixou de sair com os amigos em comum... Enfim, eliminou qualquer tipo de contato ou registro que a leve a vaga lembrança da criatura. E aí numa bela manhã de sol ela está ouvindo rádio e enquanto toca uma música romântica, alguém passa e pensa/fala: “Tá com saudade dele, ein?”. Saudade de quem, cara-pálida? “Fala a verdade... Tu ainda gosta dele!”. Eu? Tu tá de sacanagem. “Ah, se tu não gostasse serias indiferente... Não queres nem ver ele... Tu gosta sim”. Vamos construir este raciocínio:

Se a guria não quer o menor contato com o cara, nem que seja o visual (e isso inclui o bonequinho verde com o nome dele no MSN e a foto do tamanho na unha do meu mindinho na TL do twitter), se ela não quiser nem ao menos saber o que se passa no cotidiano do outro e continua levando a sua vida muito bem obrigada, agora com projetos pessoais INDIVIDUAIS e totalmente egoístas, se ela fizer tudo isso... Ela ainda gosta do cara? Isso tudo não é ser indiferente? É isso mesmo? Me explica essa equação porque pra mim deu dízima.

Se ela faz tudo isso e pra vocês isso quer dizer que ela ainda gosta dele, o que ela faria se não gostasse? Estaria na capa do caderno policial de domingo, com certeza.




Pois então, eu e o Aurélio empregamos conceitos errados sobre o termo “indiferença” porque ao que nos parece ser indiferente é não demonstrar interesse, ou seja, se mostrar desinteressado por tudo relativo ao pressuposto. Enquanto que para todo o resto do mundo ser indiferente é agir como se nada tivesse acontecido.

De onde eu venho, tratar uma pessoa que te sacaneia do mesmo jeito que tratava antes é idiotisse.

Portanto, prezados indivíduos do sexo oposto, use a sua cabeça para outra coisa além de carregar piolho e entenda de uma vez por todas que SE ela ainda gostar de você ela não só não irá cortar os vínculos – afinal, vai esperar seu arrependimento e a conseqüente reconciliação – como também vai lutar por esse amor e fazer de tudo para que vocês fiquem juntos again and forever, que nem como é nas novelas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A melancolia me cái bem.

Não ando muito no clima para (escrever sobre) relacionamentos. Não só pela falta de tempo, mas também pela falta de paciência e crença nos tais.

Eu sempre que posso aconselho meus amigos namoradeiros há passarem um tempo sozinhos. Sem namoros, ficas, paqueras ou qualquer outra denominação pós-moderna para relações (des)amorosas. A parte ruim é que você passa mais tempo em casa e passa a ver menos os seus amigos porque eles dificilmente entrarão nessa fase de “forever alone” juntos com você. Eles não vão topar ficar em casa e ver filme num sábado à noite e nem vão querer te ouvir falar muito tempo sobre o novo livro do Rubem Fonseca. Daí vem a tua liga torta de aconselhá-los a ficarem sozinhos também. Sacas?

É preciso se curtir muito durante a vida. A maioria dos adultos frustrados que conheço não se conhecem, não sabem seus limites, suas convicções ou até que ponto poderiam ir por um determinado propósito. Como você pode querer encontrar alguém que queira desfrutar de sua companhia, se nem você mesmo se suporta?

O único tempo que se dá é para si mesmo.



E precisa ser um tempo bem aproveitado. Faça coisas que você gosta de fazer sozinho, sem ninguém do seu lado. Tipo cortar a unha do pé ou jogar paciência no computador. E se te parecer monótono demais, lembre-se de passar todo o tempo que puder com sua família. Ela, infelizmente, não será eterna.

Só desista de toda essa chateação, quando tiver a mais absoluta certeza de que está pronto para novas experiências.

“Pelo direito a viver a tristeza em uma sociedade que oprime pela felicidade (mesmo que ilusória)”. Leonardo Sakamoto – via @blogdosakamoto

Daqui a pouco essa fase de poucos amigos passa. E eu volto a escrever porcarias e fazer vocês rirem de novo. =)